Depois
de trabalhar em várias versões do texto, cheguei a essa versão de Epidemia
publicada em janeiro de 2017 em versão e-book pela Amazon. O material contido
nessa narrativa seria o suficiente para um romance de... digamos... umas
quinhentas páginas. Mas não acho que encontraria leitores contemporâneos em
número suficiente para encarar tal empreitada. Não me lamento. Apenas constato.
Não sou artista de televisão, não saio por nenhuma grande editora, não ganhei
nenhum prêmio literário importante, não pertenço a nenhuma academia literária.
Tenho apenas meus seguidores, meio anônimos, das redes sociais. Essa foi uma
das razões que me fez optar por condensar essas centenas de páginas imaginárias
em pouco mais de uma dezena delas, como se cada parágrafo representasse um capítulo
e, uma página, mais de cinquenta. O resultado é essa Epidemia, microromance
para o leitor contemporâneo, com conteúdo suficiente para leitores de todos os
tempos. Se é que existirão todos os tempos e, o pior, leitores, e pior ainda,
leitor dessa mínimanovela.
Epidemia
foi imaginada como um compêndio de suspense, mistério, tragédia, símbolos,
discussões teológicas, filosóficas, históricas, artísticas e escatológicas.
Brevidade, densidade, comicidade e enigma. Pode-se ler em uma sentada, se
quiser. Pode-se também se sentar longamente, parágrafo por parágrafo, palavra
por palavra, durante horas, dias, meses e anos. Epidemia dá liberdade completa
ao leitor de compreendê-la como quiser, em meia-hora ou em meia vida. Epidemia
convida todo mundo. Põe na roda a carola de igreja e o teólogo especialista no
Apocalipse; o fissurado em quadrinhos e o apreciador de Dostoievski; o curioso
do jornal de bairro e o leitor de Albert Camus; o aluno da escola técnica e o doutor
em filosofia; o biomédico e o amante de pintura renascentista; o ateu mais
convicto e o religioso mais supersticioso. Todo mundo poderá encontrar o seu
parágrafo e a sua palavra na história.
Agora
me despeço. Falar pouco é falar demais. Se eu encontrar alguns míseros leitores
nos próximos séculos, já me darei por satisfeito. Tomara, porém, que eles
apareçam antes, nas próximas décadas. Mas se não for possível, que surjam antes
do triunfo da epidemia devastadora.
por Flavio Quintale
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