Cansado
de deuses e profetas, resolveu fundar o próprio templo. Inventou uma maneira
própria de ir ao reino universal do céu: a cavalo. Tornou-se testemunha de
Quixote, frequentador dos quixotistas do sétimo dia, dizimista do Quixote dos
santos dos últimos dias e pregador da Assembleia de Quixote. Repetia frases à
exaustão: Quixote é fiel; Quixote é amor; O Senhor Quixote é meu pastor, nada
me faltará; Quixote é dez; Ora que melhora, irmão Sancho! Treinou para a
aeróbica do Senhor Quixote, recebeu o carismático espírito do Senhor Quixote e
colaborou na Campanha da Quixotenidade. Renasceu em Quixote e nessa crença quis
viver e morrer.
Apresenta-se aqui um dos poemas do escritor neerlandês, J.J. Slauerhoff, amante da cultura e da literatura portuguesa, traduzido e musicado.
Voor de verre prinses J.J. Slauerhoff
Wij
komen nooit meer saam:
De
wereld drong zich tusschenbeide. Soms
staan wij beiden ’s nachts aan ’t raam, Maar
andre sterren zien we in andre tijden.
Uw land
is zoo ver van mijn land verwijderd:
Van
licht tot verste duisternis – dat ik Op vleuglen van verlangen
rustloos reizend, U zou begroeten met mijn
stervenssnik.
Maar andre als het waar is
dat door groote droomen
Het zwaarst verlangen over
wordt gebracht
Tot op de verste ster: dan
zal ik komen, Dan zal ik komen, iedren
nacht.
A uma princesa distante
Tradução de Mila Vidal Paletti
Jamais voltaremos a ver-nos, Entre nós dois há um mundo pelo meio. Por vezes, de noite, à janela nos detemos Mas são outras as estrelas que vemos... Doutros tempos o enleio. É tão longínquo o vosso país do meu: Como a luz da mais funda escuridão - tão distante - Que viajando sem parar nas asas do desejo, eu Vos saudaria num suspiro agonizante. Porém, se for verdade, Que sonhando o impossível, Se leva o maior dos anseios À estrela mais intangível: Então eu voltarei, Voltarei todas as noites... (De saudade).