lado A
Em
uma tarde silenciosa, lia meus livros de poesia. A monotonia das horas, para
ela, era um fastio. Vestida toda de branco aproximou-se me reprovando: “Tu
desprezas meus lábios para entregar-te a teus versos”. E foi-se com o passo
lento, esperando que eu me pronunciasse. Displicente, levantei a cabeça e mirei
seu andar de soneto. Mas o deleite das imagens e os sons enlouquecidos das palavras
dominavam minha alma extasiada de admirar as curvas das elegias. Permaneci em
silêncio contemplando as formas, ouvindo os poemas e suas promessas de paraíso.
Ela partiu enraivecida, com o ego entristecido, e deixou-me embriagar com o
néctar dos alexandrinos.
Em
uma tarde silenciosa, lia meus livros de poesia. A monotonia das horas, para
ela, era um fastio. Vestida toda de branco aproximou-se me reprovando: “Tu
desprezas meus lábios para entregar-te a teus versos”. E foi-se com o passo
lento, esperando que eu me pronunciasse. Displicente, levantei a cabeça e mirei
seu andar de soneto. Seu caminhar heroico e seus braços nus de alegoria
despertaram-me o desejo dos longos dísticos com rima. Tomei-a pelas costas, de
surpresa, e minha pena embalou-a na cantiga e cada beijo completava uma estrofe
da elegia que compus em seu leito. Ela permaneceu estendida, com o ego
envaidecido, e deixou-me embriagar com o néctar de seus sorrisos.
do “Livro dos Textículos” de Flavio Quintale
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